terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Jornalismo sensacionalista

Ser estudante é curioso. Aprendemos como deve ser um profissional, viver em crescimento sobre o que é ser um trabalhador. Mas nós achamos que estamos num estado de semi-deus. Digo isso porque tudo é passível de críticas. Sei que isso é errado, mas pelo menos é um jeito de colocarmos em prática o que nos é dado em teoria. Por isso fiz este post, para criticar algo que me chamou atenção na TV.

Um fato curioso sobre o jornalismo é que ele deve ser imparcial. Acho que, primeiramente, a informação virou monopólio. Não há mais de um tipo de veículo que consiga dizer o que quer sem ser criticado e apontado como "MENTIROSO", já que o outro é tido como senhor absoluto da verdade. Ninguém pode contrariar porque será em vão. Mas voltando ao nosso fato curioso, porque esse monopólio de informação não pode pelo menos seguir o preceito básico do jornalismo, a imparcialidade?

Assisti ao Jornal Nacional e me deparei, não com os costumeiros William Bonner e Fátima Bernardes, com Chico Pereira e Uma-Jornalista-que-não-sei-o-nome apresentando. Pois bem, primeiramente eles viraram objetos meramente ilustrativos, já que eles não fazem nada além de "chamar" as reportagens, mas esse não é o foco. As notícias foram feitas para informar, não para emocionar. Em alguns casos não existe como não comover e a notícia acaba sim tomando esse papel, mas ainda assim deve ser nula de opinião.

A respeito das reportagens feitas sobre o excesso de chuvas no país e o quanto ele afetou os brasileiros, percebi toda a bobagem que é o jornalismo, pelo menos atual, deste jornal. Concordamos sim que as chuvas foram fortes, desabrigaram, fizeram famílias sofrerem, casas derrubadas, desesperaram e por ai se segue uma série de enfermidades. Mas daí que realmente se aprofunde a sensibilidade da notícia, que se dê ao trabalho de fazer as pessoas, os entrevistados reviverem o que já foi “esquecido” e mostrar o sofrimento alheio, como um meio de se aumentar a audiência, ou comover o público para uma auto-promoção é, de uma visão minimalista, cruel. Cruel sim, pois ele se aproveita das desgraças para fazer uma boa reportagem, que no fundo fere o primeiro mandamento do jornalismo. Existem dois meios de comover, o riso e o choro. Como não há comedia na reportagem, é mias fácil o choro. Digo o choro na sua forma-zigoto, a tristeza.

Então o sensacionalismo do jornal, juntamente com o suprasumo da informação, fazem com que o brasileiro acredite em tudo que se vê e concorde com tudo o que se diga. A ignorância que foi imposta à sociedade faz com que esse monopólio aumente e seja considerado cada vez mais a verdade absoluta. Incapazes de opinar eles, ou nós, vamos acreditar na opinião daquele que consideramos ideologicamente superior. As reportagens estão nos guiando a ter uma opinião massiva, sem nos questionarmos se é certo ou errado.

Não estou duvidando da força da informação, da sua propagação, e muito menos quero dizer que as chuvas não foram desastrosas. Estou sim criticando a falta de regras no jornalismo atual. Isso não é apenas para as notícias das enchentes, mas de todas as reportagens que eu vi e ouvi. Essas em especial me chamaram atenção para o quão frágil é a ruptura das leis para o sensacionalismo exacerbado da ditadura informacional.

Sem mais.

2 comentários:

  1. ahá!
    leia isso aqui: http://www.revistazepereira.com.br/eu-so-estava-cumprindo-ordens/
    daí, numa hora dessas eu tenho o pensamento mais escroto do mundo: tudo jornalista bacana, diplomado, fazendo merda. que beleuza!
    ***
    pra brasileiro que se amarra em novela, o esquema jornalístico tá perfeito: há heróis, vitimas e gente má. há enredo, culpados, fatos. e mais historias.
    a gente não tem jornalismo
    a gente tem histórias toscamente feitas a partir da desgraça alheia
    (ignore os erros. to meio cega)

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  2. Bom, meu irmão é formado em comunicação, Yuri. E uma coisa que ele sempre me disse é que não existe jornalismo imparcial. Basta a gente pensar nas milhões de maneiras que existem para se dizer uma única coisa e dos porquês de se escolher uma e não outra. Mas isso não invalida de maneira alguma o que vc escreveu. O jornalismo virou um circo. Não só o jornalismo, mas os meios de comunicação de uma forma geral. E infelizmente há quem consuma esse tipo de jornalismo. Se não tivesse, não vingava. É triste. Mas é verdade. O que se pode fazer é se informar de verdade, procurar ter uma visão crítica das coisas. Investigar. A maioria das pessoas se acomoda. e acaba guiada por gente sem escrúpulos. Causa e efeito, Yuri, como tudo na vida. Beijokas!

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